A descoberta do Buda – Sem pressa

Sutra: Calmamente, considere o que é certo e o que é errado. Recebendo todas as opiniões igualmente – sem pressa, com sabedoria –, observe a lei.

Osho: Quando Buda diz “considere calmamente”, ele quer dizer “não pense” – abandone todo pensamento e veja. Essa é a única maneira de se conhecer as coisas como elas são… – porque, se você fica pensando, você vai trazendo seus preconceitos para dentro do assunto. Se você está pensando, está trazendo suas conclusões passadas para dentro do assunto. Se você está pensando, sua mente está funcionando – e a mente é o passado, e o passado jamais permite que você veja o presente. O pensamento tem de evaporar totalmente. Nesse estado de não-mente, você pode ver.

Buda diz: medite calmamente. Seja silencioso e veja. E nessa visão você saberá – sem nenhum processo lógico, você simplesmente saberá: Isto é isto. Isto é bom e isto é mau. Não que você tenha que decidir de acordo com a Bíblia ou o Alcorão ou o Gita. Se você tem olhos, você sabe onde está a parede e onde está a porta. Você tem de pensar sobre isso? Cada vez que você sai do quarto, você tem de pensar sempre onde está a porta e onde está a parede? Você simplesmente sai pela porta sem pensar absolutamente, porque você pode ver! Mas se você é cego, a cada vez, você terá de pensar novamente: “Onde está a porta?”. Você terá de tatear procurando a porta.

Pensar é um estado de cegueira, trata-se de um tatear na escuridão. Meditação é um estado de ter olhos, você é capaz de ver. Você simplesmente vê o que é certo e o que é errado. E, quando você vê o que é certo e o que é errado, você não pode fazer o errado, você não pode ir contra o certo.

O meditador, naturalmente, segue o que é bom – não que ele decida segui-lo – e naturalmente ele evita o que é mau. Não que ele decida evitá-lo; o meditador jamais faz quaisquer votos – não há necessidade. Um homem com olhos jamais faz o voto de que: “Eu sempre entrarei pela porta e sairei pela porta. Eu prometo a você, meu Deus, que eu jamais tentarei entrar pela parede. Acredite em mim, eu sou um homem de palavra, eu a manterei embora eu saiba que haverá tentações”. Se alguém estiver dizendo isso, você rirá. “Que absurdo ele está falando! Que tentações são essas!?” Você alguma vez foi tentado pela parede a entrar e sair por ela? Essa tentação não existe.

Buda diz: “Recebendo todas as opiniões igualmente” – sem nenhum preconceito, sem nenhuma opinião anterior… Apenas ouça, e observe, todas as espécies de coisas. Seja um espelho puro – isso é meditação. E sem pressa, porque, se você está com pressa, saltará para a conclusão. Você não está realmente interessado na verdade, você está mais interessado na conclusão, porque a conclusão dá conforto, a conclusão dá segurança, a conclusão o faz sentir que você sabe. Ela encobre sua ignorância, ela o faz se sentir seguro e certo.

Desse modo, as pessoas estão sempre prontas para fazer parte de qualquer igreja. Elas não estão prontas para se tornarem livres. Mesmo que às vezes deixam a igreja, elas a deixam somente para se juntar a outra. O hindu vira mulçumano, o mulçumano vira cristão, o cristão vira hindu. E desse modo vão passando de igreja em igreja, embora continuem a ser as mesmas pessoas, porque a abordagem continua sendo a mesma.

“Sem pressa, com sabedoria, observe a lei.” Não tenha pressa. Com pressa, você pode decidir por algo que não é verdadeiro. Só pelo desejo de tomar uma decisão, você pode concluir, pode começar a acreditar. Um verdadeiro pesquisador está pronto para esperar, ele é muito paciente. Mesmo que leve várias vidas, ele está pronto a dedicar vidas.

Pela verdade, vale a pena dedicar tanto tempo quanto você puder.

Raoni Duarte: Existem duas formas de você viver a vida: acordado, em estado meditativo, ou dormindo, sob os domínios do ego.

E a forma como uma pessoa dormindo toma suas decisões, a priori, é a mesma como uma pessoa acordada também chega a suas conclusões. Ambas recebem um conjunto de informações, compara-as a um gabarito, e tomam suas decisões.

Acontece que uma pessoa dormindo irá receber as informações até que elas cruzem com seu sistema de crença pré-estabelecido em seu inconsciente. Enquanto o que for apresentado estiver de acordo com que ela já conhece, com o que tem como certo, ela irá ouvir; a partir do momento que o diferente surgir, que o novo der as caras, ela irá subitamente refutar, não irá absorver mais nenhuma informação. Então uma pessoa dormindo tem como gabarito o que ela já tem como conhecido, o que ela já concebeu como certo.

Já uma pessoa desperta, um meditador, também irá tomar suas decisões a partir de um conjunto de informações, mas ao contrário da pessoa dormindo, ele não irá interromper o fluxo de informações em nenhum momento. E a explicação para isso é simples: o meditador tem como gabarito o amor e, o princípio básico do amor, é o não julgamento. O amor não julga, ele compreende, tem compaixão e acolhe.

E se tornar um meditador, na verdade, é se tornar uma pessoa justa, honesta. Como você pode ter uma opinião formada sobre algo que você não conhece, que nunca estudou? Como você pode ser justo se não ouviu igualmente ambos os lados? É como um juiz dar uma sentença ouvindo apenas os argumentos de defesa, ignorando todo o trabalho da acusação, ou então ouvir somente os argumentos da acusação, excluindo da sua análise tudo que a defesa preparou. Como poderia ele ser justo?

“Recebendo todas as informações igualmente…”

Uma das características físicas da meditação é um profundo estado de relaxamento, de leveza. E essas sensações acontecem pois para entrar em estado meditativo, você precisa se livrar de todo ruído que existe dentro de você, de todas as artimanhas que o ego, através da mente, irá usar para tirá-lo do silêncio. E é quando você atinge esse estado, quando se livra de todos os seus preconceitos, dos seus pesos, e se mantém ali, presente, é que você estará preparado para receber todas as opiniões igualmente. Você tem que simplesmente se libertar da responsabilidade de ter uma opinião, você precisa se permitir apenas a deliciar-se com as informações que está recebendo, com tranquilidade – sem pressa.

E após receber as informações igualmente, sem passar por nenhum filtro pré-estabelecido, a verdade, o certo, irá saltar diante dos seus olhos. E não se trata de uma questão de mágica, é uma questão de se ter como gabarito o amor e, no amor, o certo é o que for melhor para todos, o que for melhor para o Todo.

“Observe a lei”

Somente o amor existe, essa é a lei. Então quando você estiver em dúvida entre o certo e o errado, após considerar os dois lados igualmente, pense no que for melhor para todos – é assim que Deus, o Todo, pensa e, se você elevar seus pensamentos aos Dele, você terá encontrado a chave para o paraíso.

Busque conhecimento, emita amor, seja Luz!

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