A descoberta do Buda – Confinado para sempre

Sutra: Se você é feliz à custa da felicidade de outro homem, você está confinado para sempre.

Osho: Desde a mais tenra infância, começamos a envenenar as crianças com o veneno da competitividade. Quando sair da universidade, a pessoa estará completamente envenenada. Nós a hipnotizamos com a ideia de que ela tem de lutar contra os outros, que a vida é uma sobrevivência dos mais bem adaptados. Assim a vida jamais pode ser uma celebração. A vida jamais pode ter nenhuma espécie de religiosidade nela. Não pode ter nenhuma qualidade sagrada. Ela é totalmente medíocre, feia.

Buda diz: “Se você é feliz à custa da felicidade de outro homem, você está confinado para sempre”.

Naturalmente. Se você é feliz à custa da felicidade de outro homem… – e é assim que você pode ser feliz, não há nenhum outro jeito. Se você encontra uma bela mulher e, de alguma forma, dá um jeito de possuí-la, você arrancou-a das mãos de outra pessoa. Nós fazemos as coisas parecerem tão belas quanto possíveis, mais isso é somente uma aparência. Mas aqueles que perderam o jogo estão com raiva, enfurecidos. Eles esperarão pela oportunidade de vingança e, mais cedo ou mais tarde, a oportunidade aparecerá.

Seja o que for que você possua neste mundo, você possui à custa de outra pessoa, à custa do prazer do outro. Não há outro meio. Se você realmente não quer ser inimigo de ninguém neste mundo, você tem de abandonar toda a ideia de possessividade. Use o que quer que aconteça de estar com você no momento, mas não seja possessivo. Não tente reivindicar nada como se fosse seu. Nada é seu, tudo pertence à existência.

Nós viemos de mãos vazias e partiremos de mãos vazias; então para que reivindicar tanta coisa nesse meio tempo?

Mas isso é o que sabemos fazer, o que o mundo nos ensina: possua, domine, tenha mais do que os outros têm. E pode ser dinheiro ou pode ser virtude: não importa em que espécie de moeda você negocia – elas podem ser mundanas, podem ser do outro mundo, mas seja muito habilidoso, caso contrário, você será explorado. Explore e não seja explorado – essa é a mensagem sutil que você recebe, junto com o leite da sua mãe. E toda escola, colégio, universidade está enraizada na ideia da competição.

Uma educação verdadeira não lhe ensinará a competir: ela lhe ensinará a cooperar. Ela não lhe ensinará a lutar e chegar primeiro. Ela lhe ensinará a ser criativo, a ser amoroso, a ser bem-aventurado, sem nenhuma comparação com o outro. Ela não lhe ensinará que você só pode ser feliz se for o primeiro. Isso é puro absurdo. Você não pode ser feliz só por ser o primeiro. E tentando ser o primeiro, você passa por tanto tormento que, na hora em que ser torna o primeiro, você já se habituou ao tormento.

Uma educação verdadeira não lhe ensinará a ser o primeiro. Ela lhe ensinará a desfrutar seja o que for que você esteja fazendo, não pelo resultado, mas pelo ato em si. Somente assim a existência pode fluir através de você. Somente assim ela usa suas mãos e seus dedos e seu pincel. Somente assim algo de soberba beleza pode nascer.

Nunca é por você, mas somente através de você. A existência flui; você se torna somente uma passagem. Você deixa acontecer, eis tudo – você não impede, eis tudo.

Não pense no resultado, absolutamente. Simplesmente entregue-se inteiro ao que você está fazendo. Perca-se naquilo. Deixe que o agente se perca no fazer. Não “seja” – deixe suas energias criativas fluírem sem impedimento.

Raoni Duarte: A verdadeira felicidade só pode ser encontrada através do amor incondicional. E isso corresponde a dizer que, se existem condições para amar, quer dizer que existem condições para ser feliz e, se existem condições para ser feliz, essa definitivamente não é a verdadeira felicidade.

E não importa quais sejam as condições: sua felicidade pode vir da infelicidade de outra pessoa ou pode vir da felicidade de outra pessoa, em ambos os casos, existem condições para que você, finalmente, se sinta feliz.

Existe uma história que ilustra bem este caso.

Certo dia um homem encontrou uma lâmpada, dessas do tipo de gênio. E apesar de todo seu ceticismo, ele não resistiu a tentação e deu aquela esfregadinha como quem não quer nada. E para sua enorme surpresa, assim que ele parou de esfregar, eis que surge em sua frente o gênio da lâmpada.

Passada a fase do quase desmaio, após o gênio ter materializado uma água com açúcar para que o homem se sentisse mais calmo, um diálogo entre ambos começou a acontecer.

E o gênio se apresentou da seguinte forma: “Olá meu caro irmão, eu sou o gênio da lâmpada, a sua disposição. Eu não sei quais são os seus conhecimentos sobre gênios da lâmpada, mas gostaria de te informar que eu sou o tipo de gênio que atende um único pedido e com uma única condição”.

Mais calmo e compreendendo o que estava acontecendo, o homem a princípio tentou questionar o gênio sobre os três pedidos. Ele estava se achando injustiçado, pois todas as histórias que conhecia sobre gênios da lâmpada eram com três pedidos, então achava que o correto é que ele também fosse beneficiado com três pedidos. Foram muitas investidas com o mesmo retorno: o gênio explicando que ele era do tipo que só atendia um único pedido e com uma única condição.

Assim que o homem se conformou com o regulamento, assim que aceitou o único pedido, era hora de saber a bendita condição. Então o gênio lhe explicou: “Você pode pedir o que quiser, não existe limite algum. A única condição é: o que você pedir, eu darei em dobro para o seu pior inimigo”.

Ao ouvir a condição, o homem que até então já estava recomposto do susto de conhecer um gênio da lâmpada e estava em plena negociação, veio novamente ao estado de quase desmaio e, novamente, o gênio teve que intervir materializando mais água para o pobre homem.

E assim que o homem recuperou suas forças, tomado pela revolta, ele as utilizou durante um bom tempo tentando convencer o gênio de que a condição não tinha cabimento nenhum, que não era nem um pouco justa. O homem se utilizou de todas as suas estratégias de persuasão, usou todas as suas táticas emocionais que até então sempre haviam dado resultado, porém, dessa vez, ele obteve o insucesso – o gênio se manteve irredutível.

Vendo que não tinha outra saída a não ser aceitar a condição e com a cabeça a milhão, o homem pediu ao gênio um dia para que pudesse pensar melhor em qual seria o seu pedido.

Ao voltar para casa, o homem teve sem dúvidas a pior noite de sua vida. Assim que ele começava a pensar em um pedido que lhe traria felicidade, assim que ele se imaginava com uma enorme fortuna, com uma vida cheia de luxo e riquezas, ele era interrompido pela visão de seu pior inimigo tendo uma vida com o dobro de luxo e riquezas que ele teria.

E assim foi a noite inteira: ele pensava em algo que lhe traria felicidade e logo era interrompido pela ideia de seu pior inimigo estar gozando daquilo em dobro.

No dia seguinte, no horário combinado, o homem se encontrou com o gênio e com a certeza de quem passou a noite inteira pensando disse: “Meu pedido é que você me arranque um olho!”.

Então para algumas pessoas a felicidade está condicionada a infelicidade de outra. Ela não é feliz porque é feliz, ela é feliz porque o outro está triste. E para essas pessoas não existe limite algum, se para o outro ser infeliz ela também precise ser infeliz, não importa, desde que o outro seja mais infeliz que ela está tudo certo.

A pessoa não quer ser bela, ela quer ver o outro feio. Ela não é capaz de enxergar a própria beleza, ela está completamente cega para a beleza, então ela foca suas energias em deixar o outro feio. E nessa ilusão ela não percebe que, ao tentar tornar o outro feio, ela está se tornando uma pessoa feia, uma pessoa infeliz.

Então por mais que ver o outro sofrer possa lhe render alguma “felicidade”, você ainda estará precisando de uma outra pessoa, você não será autossuficiente em felicidade.

E na outra face da moeda chamada ego existe o outro grupo de pessoas, aquelas que só são felizes se o outro estiver feliz. E essa é sem dúvida a armadilha mais fácil de cair. Ser feliz com a infelicidade do outro é feio, é visto moralmente como errado. Já o contrário não, ser feliz somente quando o outro é feliz é bonito, é romântico, é bem visto pela sociedade.

Então a pessoa só é feliz se a mãe estiver feliz, se os filhos estiverem felizes, se os amigos estiverem felizes… sempre haverá um grupo que precisa estar feliz para que então, finalmente, a felicidade possa ser experimentada.

E por mais nobre que isso pareça ser, por mais que você queira somente o bem dessas pessoas, você continua com a sua felicidade condicionada a terceiros, você continua sendo não autossuficiente em felicidade, você continua precisando importar felicidade de outras pessoas.

E não que você não deva desejar que os seus pais sejam felizes, que seus filhos sejam felizes, que seus amigos sejam felizes… Esse deveria ser o seu desejo não somente para um grupo específico de pessoas, mas para todos os seres de todos os reinos de todas as dimensões de todos os universos.

Agora não é porque sua mãe está triste que você também precisa ficar triste. Você pode simplesmente permanecer feliz, não tem problema nenhum nisso, você não estará sendo um mal filho. Muito pelo contrário, se sua mãe está triste, tudo que ela precisa é de felicidade, então somente se você se mantiver feliz é que realmente será capaz de ajudá-la. Agora se você entrar na do ego e comprar a tristeza, você estará enviando ainda mais tristeza para ela, dificultando assim a inevitável mudança de frequência.

E essa mesma lógica vale para filhos,  irmãos,  amigos, etc. Você não pode nem depender da felicidade do próximo para ser feliz e nem ficar triste com a tristeza alheia. Sua felicidade tem que ser sua, sua tristeza tem que ser sua.

Então o que Buda quer dizer nesse sutra é: “Se você realmente quer ser livre, então precisará se tornar autossuficiente em felicidade”.

E a autossuficiência só pode ocorrer através do autoconhecimento, ela é o produto da recordação de quem realmente se É. E quando isso acontece você não precisa de motivos para ser feliz, você não precisa de dinheiro, não precisa de poder, não precisa de família, não precisa de amigos, não precisa de nada nem de ninguém.

Quando você enxerga Deus em você, quando se torna um canal para a manifestação do amor incondicional você não precisa de mais nada, somente ter essa consciência já é o suficiente para que você prove das mais altas doses de felicidade que seu corpo físico é capaz de suportar.

Busque conhecimento, emita amor, seja luz!

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