Sutra: Domine suas palavras.
Osho: No geral, a mente está cheia de palavras – relevantes, irrelevantes, bobagens; todas as espécies de palavras vão se juntando dentro de você. Duas pessoas estão conversando; você simplesmente ouve e essas palavras tornam-se parte da sua mente – por nenhuma outra razão, acidentalmente. Você ouviu duas pessoas conversando. Você fica preocupado. Você vai e lê as placas de trânsito e aquelas palavras tornam-se parte do seu ser. Você lê anúncios desnecessários. Nas revistas, as pessoas leem anúncios mais do que qualquer coisa. Ou você continua fofocando, sabendo perfeitamente bem que isso é simplesmente inútil, pura perda de tempo e de energia. Mas as palavras vão se acumulando dentro de você como poeira, camadas sobre camadas, e seu espelho ficará coberto por elas.
Buda diz: “Domine suas palavras”. Seja telegráfico. Ouça somente aquilo que é significativo, leia somente o que é significativo. Evite o desnecessário, o irrelevante. Fale somente aquilo que vai ao ponto. Torne cada uma de suas palavras seu coração. Não viva simplesmente falando coisas como se você fosse um disco na vitrola.
Maria estava sentada no sofá quando a mãe entrou e acendeu a luz.
– O que houve, meu bem? Por que você está sentada aí no escuro? Você e o João brigaram? – perguntou a mãe.
– Não, nada disso. Na verdade, João me pediu em casamento… – respondeu a filha.
– Bem, então por que você parece triste?
– Ah, mãe, é que não sei se eu poderia me casar com um publicitário.
– Mas o que há de errado em se casar com um homem que trabalha com publicidade?
– Bem, mãe, como você se sentiria se um homem que estivesse lhe propondo casamento lhe dissesse que é uma oferta especial imperdível, uma chance única na sua vida, que nunca mais irá se repetir?
Exatamente como um disco de gramofone! Ele pode nem estar ciente do que está dizendo, talvez repetindo um hábito. Ele é habilidoso nisso – tornou-se parte da mente dele. Pode estar se repetindo; ele pode não ter nenhuma consciência do que está fazendo.
Quando Buda diz “domine suas palavras”, ele quer dizer “fique consciente”. Por que você está dizendo isso? Para quem? Qual o propósito? Seja claro ou então fique em silêncio. É melhor não carregar os outros com seu lixo. Se você puder trazer luz, bom; se você puder trazer alívio, bom; caso contrário, é melhor ficar quieto.
Raoni Duarte: Nós nunca nos expressamos tanto em toda nossa história. Com a popularização da internet e dos aplicativos que dão acesso a ela, em poucos segundos você coloca mais uma opinião na rede. E quanto mais a pessoa se expressa, quanto mais ela interage, menos tempo ela está dedicando ao silêncio.
“Domine suas palavras”.
Buda quer dizer: “Tenha sabedoria sobre o que fala”.
Tenha domínio sobre o que está falando, que os seus argumentos sejam frutos de experiências que você tenha passado. Não repita simplesmente o que outra pessoa falou, a menos que você deixe claro anteriormente que o que dirá é apenas um achismo, se o assunto não se tratar de algo que você realmente vivenciou, apenas se de o direito de ficar em silêncio.
Falar sobre algo que você não vivenciou é cansativo. Por mais que você tenha muito conhecimento, por mais que tenha lido muitos livros, estudado a fundo o assunto, se você realmente não tiver vivenciado as situações, você sempre terá que recorrer a sua memória, as informações que decorou dos livros – sempre haverá um esforço.
Já quando você fala sobre algo que já vivenciou tudo é mais simples, mais leve. Você vibrou a informação, você não a pegou emprestada de ninguém, você sentiu na pele. E somente quando isso acontece é que realmente vale a pena se manifestar, quando se trata de algo que você possui sabedoria o impacto sobre aqueles que receberem a informação é muito maior, pois parte de uma verdade e não de uma suposição.
E se você realmente seguir essa linha, se realmente se pronunciar somente quando o assunto for uma experiência pela qual já tenha passado, você começará a permanecer por mais tempo em silêncio.
E é no silêncio que a transformação acontece, é do silêncio que surgem os insights, a clareza, a cura. E quanto mais você fica em silêncio, quanto mais você substituir a identificação pela observação, mais experiências será capaz de vivenciar e, consequentemente, maior será a sua sabedoria.
Então contribua para um mundo com mais verdade, faça das suas palavras um reflexo da sua sabedoria, apenas externalize aquilo que você realmente é.
Busque conhecimento, emita amor, seja luz!