A descoberta do Buda – Nem aplauso nem reprovação

Sutra: O vento não estremece uma montanha. Nem elogios nem censuras movem o homem sábio.

Osho: Ser sábio não é ser instruído. “Ser sábio” quer dizer “dar-se conta de algo da sua consciência” – primeiramente, dentro e, depois, fora: sentir a pulsação da vida dentro de você e, depois, fora. Para perceber essa consciência misteriosa que você é, primeiramente é preciso vive-la no âmago mais íntimo do próprio ser, porque essa é a porta mais próxima da consciência universal.

Uma vez que você a tenha conhecido dentro, não é difícil conhecê-la fora. Mas lembre-se: o sábio jamais acumula conhecimento – sua sabedoria é espontânea. O conhecimento sempre pertence ao passado, a sabedoria pertence ao presente.

Lembre-se dessas distinções. A menos que você compreenda muito claramente a diferença entre conhecimento e sabedoria, você não será capaz de compreender esses sutras de Gautama, o Buda. E eles são tremendamente importantes.

O conhecimento satisfaz o ego; a sabedoria destrói o ego completamente – por isso as pessoas buscam conhecimento. É muito raro encontrar um buscador que não esteja interessado em conhecimento, mas que esteja comprometido com a sabedoria. “Conhecimento” quer dizer “teoria sobre a verdade”; “sabedoria” quer dizer “a verdade em si”. “Conhecimento” quer dizer “de segunda mão”; “sabedoria” quer dizer “de primeira mão”. “Conhecimento” quer dizer “crença”. E todas as crenças são falsas! Nenhuma crença jamais é verdadeira. Mesmo que você creia na palavra de Buda, no momento em que você crê, ela vira uma mentira.

Não se pode “acreditar” na verdade: ou você conhece ou você não conhece. Se você conhece, não há nenhuma questão de crença; se você não conhece, novamente não há nenhuma questão de crença. Se você conhece, você conhece; se você não conhece, não conhece.

Crença é uma projeção da mente trapaceira – ela lhe dá a sensação de saber, sem saber. Você pode facilmente acreditar em Deus, você pode facilmente acreditar na imortalidade da alma, você pode facilmente acreditar na teoria da reencarnação. Na verdade, essas coisas ficam simplesmente na superfície: lá no fundo, você não é afetado por elas, de modo algum. Quando a morte bater à sua porta, você saberá que suas crenças todas desaparecem. A crença na imortalidade da alma não ajudará quando a morte bater à sua porta – você vai lamentar e chorar e se apegar à vida. Quando a morte chega, você se esquece de tudo sobre Deus; você não será capaz de se lembrar das complicadas implicações da teoria da reencarnação. Quando a morte bate à porta, ela derruba toda a estrutura de conhecimento que você construiu ao seu redor. Ela o deixa absolutamente vazio… – e com a consciência de que toda a vida foi um desperdício.

Sabedoria é um fenômeno totalmente diferente. Trata-se de uma experiência, não de uma crença. Ela é experiência existencial, não é “sobre”. Você não acredita em Deus – você conhece Deus. Você não acredita na imortalidade da alma, você a saboreou. Você não acredita na reencarnação – você lembra de que teve muitos corpos; de que foi uma pedra, de que foi uma árvore, de que foi animais, pássaros, de que foi um homem, uma mulher… de que você viveu em tantas formas! Você vê que somente a superfície muda: o essencial é eterno.

Isso é ver, não acreditar. E todos os mestres verdadeiros estão interessados em ajudá-lo a ver, não a torna-lo crente. Para acreditar, você se torna um cristão, hindu, um muçulmano. A crença é a profissão do sacerdote.

A sabedoria surge dentro de você, ela não é uma escritura. Você começa a ler sua própria consciência – e lá estão escondidas todas as Bíblias e todos os Gitas e todos os Dhammapadas.

Raoni Duarte:  Desde que o mundo é mundo, a sociedade terrena vem produzindo – em grande escala – pessoas cheias de medos, cheias de traumas. E dentre esses medos, o de “não pertencer” exerce grande influência no comportamento humano.

As pessoas não vivem as suas verdades, elas não falam o que realmente sentem; e o motivo é simples: isso poderia chocar a sociedade. E se isso acontecer, a sociedade se voltará contra ela, a cadeira cativa no clube dos socialmente corretos, será caçada.

E você não quer que isso aconteça, ninguém gosta da sensação de rejeição, de abandono, então, você controla o que fala para não ferir ninguém. E você vai além, fala o que o outro gostaria de ouvir, dessa forma, estará agradando, logo, também será agradado. Assim nasce a falsa sensação de acolhimento, de “pertencer”.

Gautama sempre utiliza a palavra “tolo” que, nesse contexto, quer dizer aquele que ainda age conforme seus medos. E agir conforme os medos, é abdicar de conhecer a verdade para se adequar a verdade da turma que você resolveu pertencer. Quando isso acontece, quando você abre mão de estar na verdade, a necessidade de ter uma verdade surge automaticamente. A partir daí, você estará identificado com a sua verdade.

E é uma questão de tempo até que alguém a reprove, e como se trata de uma verdade construída a partir do medo, uma verdade que não tem base sólida, você irá sentir a crítica. E você poderá responder com raiva, com violência, com frustração… – tanto faz, você se sentiu tocado. O mesmo acontecerá quando você receber um elogio, um apoio, mas, ao contrário da crítica, você se sentirá motivado, feliz, acolhido.

E não importa, elogio ou crítica, você se sentiu tocado. Essa é a diferença entre o tolo e o sábio, o primeiro, está apegado à opiniões, principalmente, as alheias.

O homem sábio soltou o medo de não pertencer quando abandonou o ego, pois, é ele quem tem a necessidade de ter, de possuir, de pertencer.

O sábio tem consciência que, para ter uma verdade, é preciso primeiro construí-la, e, para direcionar seu foco na construção, é preciso tirá-lo da observação. Ao fazer isso, estará abrindo mão de estar na verdade, para ter uma verdade.

“… Nem elogios nem censuras movem o homem sábio”

O homem sábio não se identifica com a verdade, quando criticado ou elogiado, ele não se sente tocado, pois, quem está sofrendo a crítica ou o elogio é a verdade, ele, está apenas observando tudo isso acontecer.

Busque conhecimento, emita amor, seja Luz.

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